quarta-feira, 6 de abril de 2011

Após Justiça reconhecer descumprimento do licenciamento, MPF/PA quer paralisação de mina da Vale

Com a publicação, no último dia 31, de decisão judicial que reconhece o descumprimento, pela Vale, de pré-requisitos do licenciamento ambienta
da mina Miltônia 3, no Pará, o Ministério Público Federal no Estado (MPF/PA) voltou à Justiça para pedir mais rigor na condenação.

A decisão, da juíza federal Sandra Lopes Santos de Carvalho, deu prazo de dez dias para que a mineradora comece a pagar mensalmente valores fixados em um e três salários mínimos a 788 famílias da comunidade quilombola de Jambuaçu, em Moju, nordeste paraense. A empresa também foi obrigada a implementar, dentro de 30 dias, plano de geração de renda para as famílias.

O procurador da República Felício Pontes Jr., autor da ação, recorreu da decisão de ontem, 5 de abril. No recurso, Pontes Jr. pede que o valor da compensação mensal seja determinado em cinco salários mínimos para todas as famílias e que as atividades da mina sejam suspensas.

Para o MPF/PA, a legislação é clara em estabelecer que a violação dos termos do licenciamento ambiental deve levar à suspensão da licença expedida para o empreendimento e, consequentemente, das atividades da mina. "Até a presente data, não há notícia do cumprimento da condicionante pela empresa licenciada", registra a decisão judicial.

"O impacto se dá sobre todo o território quilombola, não se podendo fazer a distinção entre famílias mais afetadas e menos afetadas, notadamente devido à contaminação das águas e assoreamento de igarapés", diz o procurador da República no recurso.

Segundo a Comissão Pastoral da Terra (CPT), a instalação dos minerodutos e da linha de transmissão representa a perda de 20% do território da comunidade. Estudo da pesquisadora Rosa Elizabeth Acevedo Marin, da Universidade Federal do Pará (UFPA), destaca que o empreendimento tem implicações ambientais que começam com o assoreamento do rio Jambuaçu e seus afluentes. "Existe perda das condições de navegabilidade desse rio, além da alteração da qualidade das águas do rio e dos igarapés. A pesca desapareceu desses cursos d'água", informa.
"O balanço feito pelas comunidades é que houve uma diversidade de perdas materiais e imateriais. Houve perdas de árvores castanheiras, açaizeiros, pupunheiras, abacateiros, ingazeiros - com derrubada da mata para as obras de infraestrutura".

Processo nº 32308-15.2010.4.01.3900 9ª Vara Federal em Belém

Fonte: http://www.editoramagister.com/noticia_ler.php?id=50872&utm_source=PmwebCRM-AGECOMUNICACAO&utm_medium=Edi%C3%A7%C3%A3o%20n.%201359%20-%2006.abr.2011

Nenhum comentário:

Postar um comentário