quarta-feira, 6 de abril de 2011

Diz a lenda que, certa vez, no Recife...‏

Nós estávamos em Recife. Cidade grande. Impaciência.

Confesso que nem sempre tive ojeriza a cidades muito grandes. Entretanto, o fato de ter morado em uma metrópole por toda a vida, sendo vítima de todas as mazelas típicas das cidades grandes brasileiras (que crescem desordenadamente) me fez ficar arredia. Cada vez mais arredia...

Ademais, a origem mineira não nega o fato de gostar de coisas sossegadas. Atualmente, morar em uma cidade menor também contribui para que eu me assuste mais facilmente todas as vezes que encaro uma cidade com mais de 2 milhões de habitantes...

Torres de concreto, nuvens de fumaça, trânsito, insegurança, barulho, ritmo alucinante das pessoas a ir e vir, ir e vir, ir e vir... Enfim, a partir do momento que estamos no meio da balbúrdia... ou você entra no clima ou é engolido pela loucura!

Para minha indignação, fomos de carro.

Depois de um dia lindo e um almoço comemorativo dos anos do Adriano em Olinda, fomos ao Shopping Recife. Ótimo modo de encerrar o período vespertino, exceto pelo fato de o Shopping parecer a visão do inferno (sic Carla Maria) contemporâneo... Depois de algumas voltas:

- Helena, vamos sair do Shopping antes do crepúsculo, temos que dirigir com a claridade, não conhecemos a cidade...
- Tudo bem, vamos então? Já é tarde.

Dirigimo-nos ao estacionamento, o sol já se punha. Entretanto, ainda se via bem.

Deveríamos voltar para a casa da amiga Fernanda, para tanto a referência era a Avenida Agamenon Magalhães. O problema era só encontrar a tal avenida...

Já estávamos a dar imensas voltas e decidi que a melhor forma era perguntar a alguém. Entretanto, era aquela loucura no trânsito, aquele formigueiro de gente. E o telefone do Adriano a tocar, a tocar, afinal, era o dia do seu aniversário e as pessoas queriam parabenizá-lo. Não as culpo. Naturalmente, Adriano queria atender e eventualmente o fazia, embora estivesse a dirigir.

Foi aí que o momento fatídico aconteceu: o telefone tocou no exato momento em que parávamos em um Posto de Gasolina para Adriano pedir informações sobre como chegar na Av. Agamenon Magalhães.

- Helena, você pode perguntar, por favor? Vou atender o telefone.
'Claro, claro. Mas qual é o nome da Avenida, mesmo?' - pensei.

As pessoas no Posto de Gasolina estavam um pouco longe, eu teria que falar alto. Ademais, o movimento era grande, e eu teria que me fazer perceber. Como Adriano estava ao telefone e o carro ligado, abaixei as janelas e gritei:

- Com licença, por favor! Alguém sabe me informar como faço para chegar na Avenida do ARMAGEDOM???????

Naturalmente, não percebi meu equívoco. Dei uma famosa 'Helenada', by the way...

Adriano se desesperou: não sabia se fechava meu vidro, se acelerava o carro, se me xingava (héin?!), se desculpava, se falava ao telefone (o interlectuor do outro lado da linha também não entendia os reiterados gritos de ARMAGEDOM, ARMAGEDOM!).

Dizem que até hoje as pessoas daquela região do Recife estão a fugir do Armagedom.

Momento cultural: Agamenon Magalhães foi um jurista e político pernambucano, importante expoente da época brasileira conhecida como 'Estado Novo' (1937-1945).

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